quinta-feira, 13 de dezembro de 2012


AS  CIGARRAS  DO  VERÃO

                                                             Samuel Castiel Jr.

Sol inclemente,

42 graus, banho meu rosto!...

Nos galhos secos das arvores

que apontam nuas para o céu,

vibram soturnas as cigarras,

as cigarras do verão,

nos seus cantos incessantes,

como se fossem guitarras

ou órgãos elétricos

na festa do sol!...

E nessa orgia funesta do inseto,

o som que vibra em meus ouvidos

penetra no meu peito

como um punhal ,

ardentemente...

A obra inacabada, a vontade de fazer,

a intangível liberdade

inutilmente...

Penso em tudo e em nada,

no vulto da mulher amada...

Uma gota de suor

( ou de lágrima)

cai do meu rosto molhado:

angustia, solidão, eternidade...

Tudo se mescla de sangue

e sinto o gosto amargo de sangue

na boca, o gosto do conflito

(ou da aflição)!...

Enquanto isso,

indiferentemente ao meu tumulto interior

(ou de paixão)

gritam lá fora, como eu, em minha solidão,

a triste canção desta ausência tua,

camufladas, nos galhos escondidas

a espreitar o Nada,

agora já em noite escura e sem lua

as cigarras do verão!

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