terça-feira, 5 de fevereiro de 2013


O  VAMPIRO DE MONTE SANTO                                        

                                               Samuel Castiel Jr.

 

Noite escabrosa, escura e macabra

Ninguem nas ruas desertas!...

Até porque ali, bem ali na entrada,

Fica plantado o cemitério

Dando um acabamento sinistro ao bairro

Todo entrecruzado de becos e vielas!...

O pássaro rasga-mortalha passou

Soltando um grito assustador

Que se perdeu na escuridão!...

Fazendo arrepiar

Todo aquele que o escutou!...

Nessa sinfonia macabra

Veio juntar-se um grunhido diferente

Que parecia até humano

Mas não se podia diferenciar

Se era de fome ou de frio,

E vinha lá daquela muralha

Que cercava o cemitério!...

O soldado Antão se levantou

Da rede que o embalava!

Era macho o sufuciente para ir fundo

Ver se era gente viva ou d’outro mundo!

Passou a mão no terçado e foi

Com o foco da lanterna ligada

Procurar a alma penada

Que clamava por vela, missa ou reza!...

Mas pra surpresa não era

Nenhuma alma e sim

Um vampiro todo molhado,

E pelo jeito tava resfriado,

Pois tossia muito e seu peito chiava,

Seu corpo todo  tremia de frio!

--Vampiro do inferno, bicho desconjurado

Que queres aqui neste lugar

Onde todos já estão sepultados?

Onde não há mais sangue pra te alimentar?

Se vieste só pra assustar

Vou te despedaçar

Com meu facão amolado!

--Perdão valente soldado --

Falou o vampiro baixinho, quase inaudível!

--Tô fugindo dos cães fardados

Que quase me pegaram

Lá pras bandas da zona leste!...

--Por favor não me entregues

Pois também sou filho da peste,

Não morro mas fico penando

E já estou muito fraco,

Há muito que não consigo

Nenhum tipo de chupada quente,

Nenhum tipo de sangue vivo!...

As coisas já não são como antigamente,

Ninguem mais dá mole


Pra uma mordida ou chupada!

--Bicho descojurado e nojento,

Até que eu fiquei com pena de ti

Amargando essa fome e o frio,

Pergunto-te em que posso ajudar,

Excluindo, é claro, a minha jugular!...

--Valente soldado, se puderes salvar

Um pobre vampiro de azar,

Já fico feliz com  ocê

Se conseguir no teu lixo um OB!...

Pois do pó branco não posso cheirar!...


Não tenho grana para comprar!
 
--Vou te cortar todinho bicho desonjurado,

Como sabes que neste bairro existe

Esse tal produto pra negociar?

--É que eu ando sempre com o Zelão

Meu cachorro de estimação

Ex-farejador  PM,

Até que numa noite de fome

Furei também  sua jugular!...

E ele já farejou o pó e me avisou

Que aqui é o que mais  existe

Em quantas  casas que se aviste!...

O facão cortou quase o vampiro todo

Que espavorido fugiu!

Mas o soldado Antão ainda ouviu

O latido de um cão felpudo

De dentes longos, pontudos

Que de longe o seguiu!...

                                                                                                           PVH-RO, 05/01/13

Nota do Autor:  O bairro e os personagens são obras de ficcção. Qualquer emellhança terá
                              sido mera coincidência.

Nenhum comentário:

Postar um comentário