sábado, 25 de abril de 2015

O MERCADO CULTURAL

Samuel Castiel Jr







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                 Fincado no centro da antiga Porto Velho, o Mercado Cultural inicialmente denominado Mercado Municipal, representa um dos símbolos da nossa Capital. Criado em 1913, pelo Superintendente Major Guapindaia, passou por reformas e adaptações na administração do Prefeito Joaquim Augusto Tanajura, porém só foi consolidado e inugurado oficialmente pelo Prefeito Ruy Brasil  Cantanhede, em 1950.    Construído no estilo colonial, abrigou no passado  um comércio forte de estivas e mercadorias em geral, peixarias, açougues, frutas,  legumes e verduras, etc. Podia-se encontrar ali também material de construção, botecos, sorveterias, barbearias e também muitas guloseimas como açaí, tacacá, sandubas de “boi-ralado”, cachorros quentes, pasteis e mingaus dos mais variados sabores. Lá também podia-se encontrar  materiais para caça e pesca, peles de animais selvagens, armas e munições. Era um verdadeiro shopping Center de sua época. Esse comércio forte existente no Mercado Municipal, atraía comerciantes e empresários de secos e molhados dos mais variados  setores. Assim é que relembramos alguns dos comerciantes e estabelecimentos que ali se instalaram e marcaram sua época:  Casa Flora, de Luiz Lemos, Casa Pará, de Samuel Castiel, Casa Girão, de José Girão Machado,  Casa de Ferragens de Eneas Cavalcante, Casa das Noivas, de Albertino Lopes,  Loja A Motorista, de Wilson Queiroz, Casa das Peles, de José Oceano Alves, Bar do Zizi e tantos outros. Lembramos ainda do ambulante Dega e dos mingaus da Dona Chiquinha.
                Assim é que o Mercado Municipal foi atravessando o tempo e escrevendo sua história. Foi parcialmente destruído por um incêndio na década de 50.  Sofreu especulação imobiliária, perdendo parte de sua configuração  arquitetônica.  Chega finalmente ao século 21 recebendo uma restauração que o transformou em Mercado Cultural. Um espaço público aberto as artes culturais, principalmente a música. Uma programação semanal apresentada a cada dia da semana,  leva as suas dependências e entorno, centenas de pessoas que são adeptas da boa música.  Apresentadores como Heitor Fecundo apresentando as quintas feiras  a Seresta Cultural, Ernesto Melo, as sextas feiras, levando o Grupo A Fina Flor do Samba,  Beto Cezar com a Roda de Samba, aos sábados, etc. Enfim, o Mercado Cultural passou a ser o ponto de encontro de sambistas, pagodeiros, compositores, artistas, escritores e todos os boêmios notívagos da cidade.
                Para a surpresa de todos, paira  agora no ar, a ameaça de que essa programação cultural do Mercado vai acabar no próximo dia 30 deste mês. O motivo é que os contratos com essa programação não serão renovados. Ainda não se sabe quais os motivos  alegados pelo gestores municipais. Mas, seja lá quais forem, certamente vão frustrar um dos poucos momentos de lazer gratuito, numa cidade onde é cada vez mais raro e caro para que o contribuinte possa desfrutar desses momentos. Esperemos que prevaleça o bom senso desses gestores municipais de plantão.



PVH-RO., 26/04/15

quarta-feira, 15 de abril de 2015







A REVOADA DAS ANDORINHAS

Samuel Castiel Jr.












            Como nuvens negras  em deslocamento, formando grandes desenhos geométricos no céu, elas sempre chegam, ano após ano, anunciando o verão. Atiram-se como flechas buscando um pouso seguro e um abrigo para a noite que chega.  Árvores e  fios elétricos são seus principais alvos. Quando a tarde  vai caindo, fios elétricos e árvores ficam cheios desses pássaros negros, que fazem um barulho estridente com seus milhares de piados. As fezes das andorinhas são ácidas e sujam qualquer carro ou qualquer coisa que fique embaixo delas. Essas aves são da família Hirundinidae, com várias espécies e se destacam de outros pássaros pelas adaptações desenvolvidas para alimentação aérea, pois caçam insetos no ar e para isso desenvolveram corpo fusiforme e asas relativamente longas e pontiagudas. Medem cerca de 13 cm de comprimento,podendo viver até oito anos ou mais. As fêmeas fazem uma postura de 4 ou 5 ovos que são incubados por 25 dias nascendo os jovens pássaros que são alimentados por ambos progenitores. Embora embelezem o pôr do sol, servindo para aguçar a inspiração de poetas e encher  páginas da literatura, muitas  vezes são mortas ou rechaçadas pela sujeira e incômodo que causam. Essas andorinhas são pássaros migratórios e voam milhares de quilômetros, atravessam  oceanos, as cordilheiras dos Andes, vão até os Estados Unidos e voltam a cada ano, preanunciando a chegada do verão. Comem milhões de insetos, contribuindo para o equilíbrio do eco-sistema. Representam também mais um milagre e uma incógnita da natureza e do Criador. O que sabemos na realidade, e  ensinado por nossos avós, é que enquanto houver mais de uma andorinha, haverá verão!...



PVH-RO., 15/04/15







quarta-feira, 1 de abril de 2015


AS PRAÇAS COLORIDAS
Samuel Castiel Jr.













  Sempre as praças me inspiram a sensação de lazer, paz e relaxamento. Os mais atrativos brinquedos, fontes luminosas etc são usados para chamar a atenção das crianças e também dos  adultos. No centro da antiga Porto Velho, lembro-me de todas elas, pois foi nesses espaços que corri de peito aberto, joguei peteca, tomei sorvete e comi pipoca; foi nessas praças que vadiei, escorreguei nos escorregadores, namorei e vi a banda passar. Quantas vezes a noite ficava na praça  Aluizio Ferreira com meu violão, esperando a luz apagar para fazer seresta na casa das meninas do Caiari. O blackout era programado: começava meia noite e terminava as 5:00h. Assim que cortavam a energia, saía com outros amigos para cantar e tocar na porta das minas. Quando era noite de lua cheia a seresta ficava ainda mais romântica. Na praça Mal.Rondon, a paquera seguia rodando nas calçadas, antes do  Cine Resky iniciar sua 1a. sessão de cinema com um forte e imponente sinal sonoro. Muitas vezes a Banda de Música da Guarda Territorial tocava no coreto da praça.
       Essas praças coloridas com matizes de lembranças foram ponto de encontro de muitos casais, que tiveram seus primeiros beijos testemunhados por elas. São o testemunho remanescente de uma época lúdica, dourada, onde não havia lugar para a violência. Acho que todo mundo queria mesmo era ver a banda passar para tocar nos coretos, ou ir assistir aos filmes de Tarzan, as chanchadas brasileiras com Oscarito e Grande Otelo, Costinha e Zé Trindade. Os filmes de faroeste também faziam grande sucesso, com os mocinhos como John  Wyne, Kirk Douglas, Dean Martin, Your Briner, etc. A troca de gibis era também uma atração a mais para nós adolescentes. Com o cabelo penteado, armado com glostora, lá estávamos nós aos domingos trocando aquelas revistas com os colegas.
--Você já leu essa? É a ultima do Jesse James!
--Não. Mostra aí!
--Troco por 2 do Mandraque.
    E assim prosseguia o troca-troca das revistinhas.
     São reminiscências de uma época dourada, onde as praças quase sempre contribuíam para o bem-estar das pessoas que nela iam buscar o relaxamento e o prazer. Hoje muitas delas estão abandonadas, servindo apenas para viciados e assaltantes espreitarem suas vítimas. Longe vão aqueles anos dourados das praças coloridas...




PVH-RO,30/03/15