sábado, 30 de março de 2013


PREÂMBULO

                       Samuel Castiel Jr.

 

 

 

 

Toda a sua vida foi assim. Metódico e criterioso, chegava a ser até mesmo calculista! Tinha hora pra tudo: pra acordar, trabalhar, comer, tomar banho e até fazer amor com sua mulher Joana. Mas, pra tudo era obrigatório haver sempre um preâmbulo, um ritual. Gostava de futebol mas só ia ao estádio levando o seu radiozinho que ficava plugado ao fone de ouvido em sua orelha, enquanto torcia pelo Palmeiras. Acordava as 6:00 horas da manhã mas só levantava depois da terceira batida do despertador que ficava sobre o criado-mudo a sua cabeceira. Seus sapatos eram engraxados e polidos por ele mesmo, mas tinha que ser sempre a tarde de domingo, com ele assistindo o programa do Faustão! Suas músicas preferidas eram as clássicas, mas sempre tinha que começar com 3ª.Sinfonia de Beethoven! A noite só conseguia dormir depois do telejornal da Globo! Enfim, ele tinha sempre um ritual, um preâmbulo pra tudo que fazia ou que ia fazer.

               Naquele domingo, como sempre, acordou as 6:00 horas da manhã mas só levantou depois da terceira batida do despertador. Foi então que começou a ter uns impulsos de fazer algumas coisas diferentes. Resistiu. Mas tais impulsos eram mais fortes! Foi praticamente compelido a ir a missa,  coisa que a muito tempo já não fazia. Já na igreja, sentiu uma vontade irresistível de se confessar e receber a hóstia sagrada, coisa que também a muito tempo já não fazia! Rezou, cantou, ajoelhou-se e acendeu vela pros santos, coisa que a muito tempo já não fazia! Contou seus pecados e pediu perdão a Deus, coisa que a muito tempo já não fazia! Isso tudo o deixou intrigado e pensativo...Voltou pra casa, tomou banho e almoçou meio dia em ponto, antes porém de tomar uma taça de vinho português de nome Periquita, como sempre fazia. Deitou-se para descansar um pouco, antes de ter de engraxar e polir seus sapatos, vendo o Faustão na TV, como sempre fazia. Mas dessa vez nada disso aconteceu: um infarto fulminante o matou!

 

                                                                                                           PVH-RO, 29/03/13

segunda-feira, 25 de março de 2013


HAPPY HOUR E O SAX

                       Samuel Castiel Jr.

 

As notas saiam suaves

Do sax que ele soprava

E se casavam harmônicas

Com a base do teclado!...

A marcação era do bongô

Ajudado pelo Tam-Tam!

A melodia no ar fluía

Encantando tantas  pessoas!...

A tarde morrendo, o sol caindo!...

Naquele ambiente humilde havia

Todo o clima de encantamento,

Que se mesclava com os drinks

Num perfeito happy hour

Convidando pro amor e descontração!...

Era sempre assim que ele tocava

Naquela casa de show

Quando a tarde caía!...

Lá fora a cidade toda fervia

Frenética num trânsito louco corria

Como se desesperada  buscasse

Algo que ninguém via!...

Penso então que nesse oásis musical

No fim da tarde havia

Sempre alguém fugindo do caos

Da neurótica cidade grande!

Mas também quantos ali estariam

Em busca somente da paz,

Perdida num amor distante

Que saudosamente ficou para traz!...                PVH-RO,25/03/13

sábado, 23 de março de 2013


TU E O MEU ECTOPLASMA

                                                Samuel Casiel Jr.

 

 

Em cada flor que se abre

No orvalho da noite quente

Em cada vagalume que passa

Invejando o sol potente!

Em cada pássaro que canta

No amanhecer de um novo dia,

Em cada onda que chega

Espumante  na areia branca,

Em cada nuvem que se forma

Na imensidão do céu azul,

Em cada estrela que brilha

Nas noites enluaradas...

Fico perplexo  e mudo

Pela grandeza que isso tudo me traz,

Como cada vez mais

A tua imagem em mim

Sempre presente se faz,

E como visceralmente colada

Em meu ectoplasma íntimo

Cada vez mais tu estás!

                                                                                                                                    PVH-RO, 23/03/13

quarta-feira, 20 de março de 2013


TRIBUTO AO CENTENÁRIO DA

ESTRADA DE FERRO MADEIRA-MAMORÉ

 

                                                                           Samuel Castiel Jr.

 


Rasgando a mata verde e virgem,

Expelindo fumaça pelo nariz de ferro

E com um apito que parece um grito

Vai  o trem de aço sôbre os trilhos

Levando as riquezas de Rondônia

Pra vizinha e próxima Bolivia

Na fronteira de Guajará-Mirim!

Quantas vidas ali foram ceifadas

Na construção épica da ferrovia

Vitimadas por doenças como a malária,

Terçã, maleita ou quartã

Mas também do selvagem ataque

De ferozes índios caripunas!

Foi assim vencendo a ferro e fogo

Que ingleses, americanos e muitos outros

Mas principlalmente o nordestino

Traçaram todo o destino

Dessa região insalubre, árida, distante!...

E nos trilhos de aço foi se forjando

A grandeza que transformou

A querida  cidade de Porto Velho

Na bela capital de Rondônia!

Graças ao Tratado de Petrópolis

Que o Brasil assinou com a Bolívia

Em 17 de novembro de 1.903

A região voltou a ter paz outra vez!...

Com a intervençao de autoridades

Do porte de Rio Branco, Assis Brasil,

Guachalla e Claudio Padilla

Que sabiamente assinaram

O tratado na serra  fria em Petrópolis!...

O Brasil ficou com o Acre mas fez

A ferrovia ligando os dois paises!

E a seguir veio no rastro

Coronel Aluizio Ferreira que foi

Seu primeiro e poderoso Diretor brasileiro!...

Conhecida por Ferrovia do Diabo

Pelo desafio hercúleo que trazia

E como a incrédula lenda que dizia,

Sepultando um homem pra cada dormente!...

Mas alí se plantava a semente

De um grande e promissor Estado!

Cumpriu sua missão com louvor

Desde 1 912 até muito tempo depois

Dando seu último apito no ano de 1 972!

Hoje, na passagem de seu centenário,

É triste ver a ferrovia  parada,

Quase toda delapidada,

Como mendiga a estender a mão

Esperando da usina

A mísera compensação

Para que um pequeno trecho seu

De Pôrto Velho até Santo Antônio

Para o turismo seja recuperado!...

Mas sua saga jamais será esquecida

Seu apito como um grito acordando a selva

Pra sempre será lembrado!

 

                                                                                                                              PVH-RO, 19/03/13

quinta-feira, 14 de março de 2013


QUERIDO E GLORIOSO
SANTA CRUZ FUTEBOL CLUBE

                                Samuel Castiel Jr.


Foi um esquadrão valente

Do futebol de salão ou futsal,

Fundado pra jogar no sol quente

Sem nunca temer o adversário,

Fosse ele do bem ou do mal!...

No gol ficava o Pedro Struthos,

Goleirão de pêso e porte

Como não havia outro igual!

Também era absoluto

Pois nunca teve reserva ou rival!...

Voava e se atirava no ar,

Da gravidade parecia até zombar!

Na zaga o Hugo Triverio,

Conhecido como “Porca Russa”

Não deixava ninguem passar

Juntamente com o Luiz

Escondiam as entradas fortes

Do atento olhar do juiz!...

Carlos Otino, o japonês,

Jogava na frente com altivez

Mas junto com o Samuel

Quase nunca tiveram vez!

Ficavam no banco pra entrar talvez

Se o Silvio”Bocão”o Zecatraca

Faltasse ou se machucasse na insensatez

De uma batida mais forte!

Chico Carneiro, Antônio Brasil

E também o Edgar Montanha

Foram atletas de pouco tempo!

O Floriano Riva e o Paulo França

Que só foram a um treino,

Levaram um a bolada do Douglas

E não voltaram jamais!...

O Hélio Vicente Nasser também

Andou vestindo a camissa

Do querido Santa mas pegou

Outro rumo na vida e se mandou!...

A primeira bola surgiu

De um patrocínio suado

Do Tufic Careiro, o Abdenour

A segunda foi o Paulo Atayde quem doou

Mas logo em seguida tomou

Porque  escalado  pelo Pedro ele não foi!...

O primeiro jogo de camisa veio

Escolhido a dedo pelo Samuel

Lá da João Alfredo em Belém!...

Vestida na estreia com vitória

Mandando o Bigorrilho pro beleléu!

Boas e saudosas lembranças

Todo esse tempo me traz!

Éramos todos jovem

E dentro de cada um de nós  havia

O atleta mas principalmente o rapaz

Que tinha sonhos mas também brigava

Na disputa das quadras e das namoradas!...

Pra todos incentivar eu escondia

Drageas de vitamina B e dizia

Que era arrebite do bom pra jogar

90 minutos sem parar!

E todos partiam pra cima

Do adverário pra exterminar!...

No final as camisas suadas

Exalavam forte odor pelo ar,

Era o complexo B que saía

Dos poros de cada corpo suado!

Mas sob os holofotes de luz

Saía sempre vitorioso, jamais cansado

Nosso querido e glorioso

Time do Santa Cruz!

                                                                                                                                                     PVH-RO, 15/03/13

sábado, 9 de março de 2013


CONTO  CURIOSO

 

 Samuel Castiel Jr.


 

 

 

 

 

 

 

 

 

Meus olhos se abriram e a minha consciência estava perfeita! Tudo aconteceu no dia que fui atropelado. De repente lá estava eu atirado no asfalto, no meio fio daquela estrada. Gosto de sangue na boca e gravemente machucado, com muita dor! Não conseguia mexer o meu corpo!

Em torno de mim havia um grupo de pessoas. Eram transeuntes curiosos que foram chegando e se aglomerando para ver o que sobrara de mim! -- pensei.  Nesse grupo de curiosos que ali estava, havia um rosto que me chamou a atenção. Era uma mulher branca, loura, que tinha os labios pintados de batom vermelho muito forte! A cabei levado pela equipe do SAMU e, depois de algumas internações e cirurgias, sobrevivi!

Aconteceu algum tempo depois, por acaso do implacável trânsito, presenciei um outro acidente do qual, pela violência e circunstâncias, não deveria ter sobrevivido ninguem! Corri em direção ao carro que, na chuva, bateu em um poste e capotou ficando com as rodas pro ar. Chovia muito! Queria ajudar, ver se tinha algum sobrevivente! No meio desse caos, muitas pessoas foram chegando e se aglomerando, juntamente com o som das sirenes e luzes vermelhas piscando  da ambulância e carros da polícia. Foi então que, pela primeira vez,  reconheci aquele rosto. Sim era ela mesma! Aquela mulher branca, loura, com os labios pintados de batom vermelho forte!...A mesma mulher que me olhava no dia do meu acidente, quando eu, inerte, atirado no asfalto, cheio de dor e com gosto de sangue na boca, esperava pelo SAMU. Olhei também para outras pessoas que ali estavam e, também, pareceu-me já tê-los visto outra vez!...  Mais intrigado fiquei quando, ao ler o jornal no dia seguinte, pra minha surpresa e alegria, daquele violento acidente, todos tinham sobrevivido!

A certeza mesmo que, ou eu estava louco ou algo sobrenatural estava acontecendo, veio quando, depois de correr para ver alguns outros acidentes com vitimas fatais ou não, cheguei  a conclusão lógica que, quando no meio dos curiosos que se aglomeravam imediatamente após o acidente, estava aquela mulher loura de labios pintados de vermelho intenso e aquelas outras pessoas, os  envolvidos no acidente, sobreviviam! Quando eu não via essas pessoas no local do acidente, a morte já tinha se consumado ou estaria a caminho!...

Quando saí de férias com a família, no ultimo verão, dirigia na chuva e, quase chegando a Santos pela Anchieta, nosso carro aquaplanou e capotou varias vezes,  meus dois filhos e minha mulher ficaram presos no carro e, mesmo contidos pelos air-bags, ficaram muito machucados.  Eu fiquei também preso em meu lugar mas o teto do carro quase esmagou minha cabeça. O socorro não demorou muito e as pessoas que passavam no local foram parando seus carros e correndo para prestar socorro!  Perdi muito sangue de um ferimento em uma das pernas que se quebrou. Já ia desfalecendo quando parou uma Van e dela, correndo, saltou aquela mulher loura com os labios pintados de vermelho forte,  juntamente com outras pessoas cujos rostos  já não me eram estranhos! Desmaiei e niguem entendeu porque aquele sorriso em meus labios e o meu rosto de paz e tranquilidade!...

 

                                                                                                            PVH-RO, 09/03¹13

quinta-feira, 7 de março de 2013


REFLEXÃO NO MIRANTE

 

                        Samuel Castiel Jr.

 

 

O vento que sopra é sempre forte

Agitando as folhas das esguias

E altaneiras palmeiras que se dobram no ar

Como se cumprimentassem

A natureza no final do dia que se esvai!

Completando a cena incomum

Desse mágico efluvio crepuscular!

Dá gosto ver a revoada

Dos inquietos tesoureiros

Que passam em bando indo e vindo

Como se procurassem seus ninhos

Ou seus parceiros perdidos!...

O rio correndo vai arrastando

Arvores e toras que desbancaram

De alguma distante margem!

A singela beleza  desse quadro

A uma reflexão só conduz,

Um pensamento tomando em Deus

Outro falando de eternidade e luz!...

O homem diante desse divino apogeu

Em sua inexpugnável pequenez

Jamais poderia ceticamente ignorar

Mas sim como as palmeiras também se curvar

E a cada dia seu criador humildemente louvar!...

 

                                                                                                                                PVH-RO, 05/03/13

segunda-feira, 4 de março de 2013


007 E O PEN-DRIVE RUSSO

 

                                  Samuel Castiel Jr.

 


Com a 765 no silenciador

Atirou uma só vez e acertou

O inimigo que furtivo se escondia...

Mas ele implacável o perseguia

Como sempre serviço de Sua Magestade,

 E cumprindo a missão secreta ia

Treinado pra  nunca perder mas lutar

Se preciso mesmo autorizado  a  matar!...

Guardou a pistola no coldre

Que em sua axila trazia!

Entrou rápido no elevador

Mas nunca ele contava

Que a bela morena não era só

A estonteante gata que a pouco

Saira de sua cama e dos lençois

Onde dormiram naquele luxuoso

E requintado Hyatt Paris Hotel !...

A arma pra sua cabeça apontou

Ainda dentro do elevador

Matara seu colega espião russo

Mas agora chegara sua vez!

Tirou de seu bolso o pen-drive russo

De ouro maciço e que continha

Informações secretas e preciosas

Roubadas  por um cúmplice ingles de suborno

E copiadas no pen-drive de ouro

Num vacilo sutil daquela Embaixada inglesa

Enquanto a Scotland Yeard dormia!...

Parou o elevador na cobertura fria

Onde um helicóptero já a esperava!

Fechou James Bond no elevador

Com chaves que no bolso trazia

E correndo foi para o helicoptero!...

O vento das hélices soprando

E seus cabelos negros agitando!...

Porem ninguem contava,

James Bond consegue se livrar a tempo

E sair por cima do travado elevador

 Jogando-se no chão  para acionar

Sua engenhosa arma letal

Que levava na meia escondida:

Era um gas paralisante com disparador

Que a todos foi logo imobilizando!

A seguir o agente recupera

O cobiçado pen-drive russo de ouro

Que continham as informações roubadas!...

Soqueia o piloto e seus comparsas

Os amarra juntos, eram tres!

E a mocinha...bem a mocinha espiã

É por ele levada pra ser interrogada

Na suite presidencial,

E o final romântico fica por conta

Da fértil imaginação de todos vocês!...

                                                                                                                                             PVH-RO, 04/03/13