HISTORIA DA RADIOLOGIA E DIAGNÓSTICO
POR IMAGEM EM PÔRTO VELHO – RO.
O antigo Hospital São José, hoje Policlinica
Tiradentes, da Policia Militar de Rondonia,
até o inicio da década de 80, funcionou como o único hospital e Pronto
Socorro ( PS ) do Estado. E foi o palco onde tudo começou em
termos de Raios-X e Diagnóstico Radiologico
em Pôrto Velho. Havia instalado e funcionando naquela unidade hospitalar
um equipamento de Raios –X da marca Heliodor Super, de 500 mA, com seriógrafo e fluoroscopia; um outro
equipamento da marca GV ( Germano Vieira ) nacional e de 200 mA, além de um
apare lho portátil para radiografias de
pacientes no leito das enfermarias, que não podiam se locomover até a sala de
exame. Nesse Serviço de Radiologia eram feitos todos os exames que os médicos
solicitavam, dentro ou fora do Hospital, pois não havia nenhuma clínica
particular, nem havia também médicos
radiologistas. Posteriormente, A Secretaria de Saúde atendendo nossa
solicitação, comprou um novo aparelho de
raios-x da marca SHIMADZU, DE 500 mA. O próprio médico que solicitante olhava e
interpretava as imagens, muitas vezes olhando
contra a luz do sol, através de uma janela de um dos vários corredores do hospital. Era
tudo muito empírico! A revelação dos exames era feita manualmente, em tanques
de revelador e fixador, usando as velhas colgaduras de aço inox, as quais eram
dependuradas dentro de secadoras para a
devida secagem. Quando ainda acadêmico de medicina em Belém-PA, eu vinha passar
férias aqui em Pôrto velho, estagiava
naquele Hospital e essa era a nossa realidade.
1º Tecnico Operador de Raios-X em Rondônia.
O primeiro
técnico de Raios-X que tenho lembrança, no antigo Hospital S. José, foi o Sr.
Alfredo Silva, dedicado e zeloso na realização dos exames radiológicos. Em 1969,
chega ao setor o Tec. de Raios-X , Sr. Sebastião Vieira, que prestou
grandes serviços aquele Hospital. Antes deles, apenas temos vaga lembrança de
um cadastro torácico que era feito através de AREUGRAFIA por um grupo de médicos e enfermeiros, os quais vinham
periodicamente a Pôrto Velho, creio eu que através da Fundação SESP.
pecialista em radiodianóstico para trabalhar
no Hospital São José e, assim, tornava-me o primeiro médico radiologista Titular
do Colégio Brasileiro de Radiologia ( CBR )
em Rondônia. O terceiro médico radiologista a chegar a Pôrto Velho em
1981 foi o Dr. Ronaldo Fabel, formado em
Minas.
No Serviço de Radiologia do Hospital
São José havia um arquivo de exames onde eram selecionados os casos clínicos mais
interessantes.
Esse arquivo de exames radiológicos, posteriormente, eu
mesmo passei a organiza-lo. Servia como fonte de aprendizado e como um cordão
umbilical que nos unia a meritória
dedicação acadêmica.
Éramos todos interessados em realizar
bons exames e, abro aqui uma lacuna para
narrar um fato dramático e, ao mesmo tempo, cômico: Chegara ao Hospital São Jose um colega
médico especialista em neurocirurgia e estava estudando a possibilidade de
ficar trabalhando por aqui. Certo dia ele me procurou e perguntou da
possibilidade de realizarmos uma arteriografia cerebral em certo paciente que
seria a p rimeira neurocirurgia a ser realizada no então Território Federal de
Rondonia. Expliquei-lhe as dificuldades para que pudéssemos realizar aquele
exame, uma vez que não dispúnhamos de passador rápido de chassis ( que
chamávamos de AOT) nem técnicos que
tivessem experiência nesse exame. Mesmo assim, o colega com toda a boa vontade,
explicou que talvez pudéssemos contornar essa dificuldade se colocássemos 3
técnicos enfileirados, com seus respecti vos aventais plumbíferos, cada um
segurando um chassis. Então, o meio de contraste seria injetado rapidamente
pelo próprio neurocirurgião na carótida do paciente, faríamos o primeiro
disparo do raios-X, os técnicos que estavam enfileirados iriam trocando rapidamente os chassis na
sequencia. Ele achava que talvez pudéssemos pegar pelo menos uma fase arterial precária,
que pudesse orientá-lo na primeira neurocirurgia em Rondônia. Topamos realizar
o exame, mas confesso que foi mais por
insistência do colega! Preparamos a
sala, orientamos os técnicos que iam ficar postados em fila para trocar os
chassis, foi puncionada a carótida do paciente e injetado o contraste
rapidamente. Ao final da injeção, o neurocirurgião ordenou o primeiro, segundo
e terceiro disparos de raios-x, o que foi feito na sequência, como havia sido
combinado. Ficamos na espera do técnico da “câmara escura” encarregado de
revelar as películas. Acontece que ele já estava demorando muito para abrir a
porta e nos mostrar os resultados do exame. Batemos então a porta, sem nenhuma
resposta. O silêncio continuava lá dentro, sepulcral. Algumas batidas mais mais
fortes e, finalmente, a porta se abriu.
O técnico estava completamente pálido,
lívido como uma vela, suado e a ponto de ter uma síncope! Foi então que,
quase murmurando, olhou para todos nós e disse: eu esqueci de colocar os filmes
nos chassis!!!!... Era uma sexta-feira e, a noite, encontrei o colega
neurocirurgião já no aeroporto Belmonte, com sua mochila,fazendo o “check-out”
na companhia aérea. Chamou-me para se
despedir, pois estava indo embora e não pretendia mais voltar. Falando quase
num cochicho, desabafou: Samuel, talvez daqui a uns 50 anos vocês vão
estar aptos a faze exames de arteriografia cerebral !...Nunca mais
encontrei esse colega!
Com a inauguração do Hospital de Base
Ary Pinheiro, em 1982, chegava ao fim a heroica existência do Hospital São
José. Novas salas, novas máquinas, tudo novinho que dava gosto de trabalhar! O
Serviço de Radiologia do antigo hospital
foi então transferido, ou melhor, apenas
a equipe de médicos, técnicos e auxiliares. Não se passaram os 50 anos
profetizados por aquele colega, e nós já começamos a fazer arteriografias não
só cerebrais, mas também aortografias, flebografias e outros exames vasculares,
pois já dispúnhamos de equipamentos radiológicos adequados. Nessa fase ganham
destaque nas arteriografias cerebrais os neurocirurgiões Drs. Ary de Macedo Jr. e Pedro Luiz R.
Iankowski. As aortografias eram realizadas pelo cirurgião vascular Dr. Fernando
Rodrigues da Silva.
Mas, as coisas não foram tão simplórias como podem parecer! Nossos
técnicos não tinham formação, precisavam
fazer curso de técnicas radiológicas, com carga horaria definida pelo
MEC, fazer prova, receber certificado, etc. Foi então que o Hospital de Base,
com absoluta necessidade de pessoal
técnico em todas as especialidades, montou um programa de larga escala, visando
a capacitação técnica de pessoal. Juntamente com o Tec. Pedro Paulo e
mais dois técnicos contratados no Rio de Janeiro (Antonio Rocha e Donato Durão Xavie.)
montamos um curso para todos os antigos técnicos, com o objetivos de capacitá-los e
legaliza-los na profissão de técnico operador de raios-x. Ao final de dois
anos, tivemos o prazer de entregar seus certificados. Muios deles, até hoje,
desempenham sua profissão, outros até já estão aposentados!
Assim foi que nossa especialidade começou e frutificou aqui nestas terras de Rondônia!
Temos hoje inúmeros médicos radiologistas, Titulares do Colegio Brasileiro de
Radiologia (CBR) ou não,atuando em todo
nosso Estado, nas diversas modalidades da chamada Imagenologia ou seja, do
Diagnóstico por Imagem, com equipamentos sofisticados, de ultimas gerações,
tais como Equipamentos radiológicos telecomandados, Tomografia Computadorizada
de Múltiplos Canais, Ressonância Magnética Nuclear, Ultra-Sonografia 3 e 4 D, Medicina Nuclear,
Densitometria Ossea, etc. Somos hoje uma das especialidades médicas que mais
cresce, embalada pelo avanço continuo e sempre crescente da informática, dos softwars e hardwars.
Samuel Castiel Jr.
Medico Radiologista – Membro Tiitular
do CBR
Presidente da Associação de
Radiologia e Diagnóstico por Imagem de Rondônia – ARDIRON
www.ardiron.com.br
Resgatar essas pérolas, além de trazer conhecimento contribui para o futuros trabalhos historiográficos...
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