O VAMPIRO DE MONTE SANTO
Samuel Castiel Jr.
Ninguem nas
ruas desertas!...
Até porque
ali, bem ali na entrada,
Fica
plantado o cemitério
Dando um
acabamento sinistro ao bairro
Todo
entrecruzado de becos e vielas!...
O pássaro
rasga-mortalha passou
Soltando um
grito assustador
Que se perdeu
na escuridão!...
Fazendo
arrepiar
Todo aquele
que o escutou!...
Nessa sinfonia
macabra
Veio juntar-se
um grunhido diferente
Que parecia
até humano
Mas não se
podia diferenciar
Se era de
fome ou de frio,
E vinha lá
daquela muralha
Que cercava o
cemitério!...
O soldado
Antão se levantou
Da rede que o
embalava!
Era macho o sufuciente
para ir fundo
Ver se era gente
viva ou d’outro mundo!
Passou a mão
no terçado e foi
Com o foco da
lanterna ligada
Procurar a
alma penada
Que clamava
por vela, missa ou reza!...
Mas pra
surpresa não era
Nenhuma alma e
sim
Um vampiro
todo molhado,
E pelo jeito
tava resfriado,
Pois tossia
muito e seu peito chiava,
Seu corpo todo
tremia de frio!
--Vampiro do
inferno, bicho desconjurado
Que queres
aqui neste lugar
Onde todos já
estão sepultados?
Onde não há
mais sangue pra te alimentar?
Se vieste só
pra assustar
Vou te
despedaçar
Com meu facão
amolado!
--Perdão
valente soldado --
Falou o
vampiro baixinho, quase inaudível!
--Tô fugindo
dos cães fardados
Que quase me
pegaram
Lá pras bandas
da zona leste!...
--Por favor
não me entregues
Pois também
sou filho da peste,
Não morro mas
fico penando
E já estou
muito fraco,
Há muito que
não consigo
Nenhum tipo de
chupada quente,
Nenhum tipo de
sangue vivo!...
As coisas já
não são como antigamente,
Ninguem mais
dá mole
Pra uma mordida ou chupada!
Pra uma mordida ou chupada!
--Bicho
descojurado e nojento,
Até que eu fiquei
com pena de ti
Amargando essa
fome e o frio,
Pergunto-te em
que posso ajudar,
Excluindo, é
claro, a minha jugular!...
--Valente
soldado, se puderes salvar
Um pobre
vampiro de azar,
Já fico feliz
com ocê
Se conseguir
no teu lixo um OB!...
Pois do pó
branco não posso cheirar!...
Não tenho grana para comprar!
Não tenho grana para comprar!
--Vou te
cortar todinho bicho desonjurado,
Como sabes que
neste bairro existe
Esse tal produto pra negociar?
--É que eu ando
sempre com o Zelão
Meu cachorro
de estimação
Ex-farejador PM,
Até que numa
noite de fome
Furei também sua
jugular!...
E ele já
farejou o pó e me avisou
Que aqui é o que mais existe
Em
quantas casas que se aviste!...
O facão cortou
quase o vampiro todo
Que espavorido fugiu!
Mas o soldado
Antão ainda ouviu
O latido de um
cão felpudo
De dentes
longos, pontudos
Que de longe o
seguiu!...
PVH-RO, 05/01/13
Nota do Autor: O bairro e os personagens são obras de ficcção. Qualquer emellhança terá
sido mera coincidência.
Nota do Autor: O bairro e os personagens são obras de ficcção. Qualquer emellhança terá
sido mera coincidência.
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