Samuel Castiel Jr.
Ela
trabalhava na Lanchonete Lisboeta, cujo proprietario era um português de
bigode grande e cheio! Quando foi admitida, o português foi logo demonstrando
sua queda pela cor negra! Ao sorrir, Glauce exibia dentes brancos e perfeitos
que contrastavam com com sua pele negra! Seus cabelos eram bem curtos, pois não
gostava de fazer prancha e nem podia pagar por isso! Porem, de todos os
seus dotes, o que mais chamava atenção
do Joaquim eram as pernas e as coxas de Glauce! Grossas e parecendo torneadas!
Chegava a se policiar para não ficar olhando sua bunda quando ela por ele
passava no estreito corredor da lanchonete
e se esticava toda para guardar os kibes e bolinhos de bacalhau na
prateleira da vitrine. Era demais! – dizia ele. Viúvo de sua esposa, estava
prestes a dar uma cantada na Glauce e, quem sabe, levá-la pro motel. Mas tinha
receio de ser mal interpretado! Sabia de estórias de patrões que foram
denunciados por assédio sexual, muitas vezes injustamente! Precisaria ter muito
cuidado, muita cautela, ser um “gentleman”! Os meses foram se passando e só
aumentando ainda mais o tesão do Joaquim
pela neguinha Glauce!...Não sabia o que fazer! Até sonhava com a Glauce
na sua cama, envolta em seus lençóis brancos, após uma noite de amor e
loucuras! Deveria ser um vulcão na cama aquela neguinha! E por aí a intenção do
Joaquim descambava. Até que, não agüentando mais, chamou a Glauce e disse-lhe:
-- Seus kibes e bolinhos de bacalhau são deliciosos e
estão tendo boa aceitação pelos fregueses! Acho que vou pagar umas horas-extras
pra você chegar mais cedo e fazer uma quantidade maior dessas delícias! Topas,
ô gaja?
A
Glauce topou! Chegava as 05:30 h e quando a lanchonete abria as 8:00 h, já
tinha dobrado a produção dos kibes e bolinhos de bacalhau. Joaquim fingia
conferir dinheiro e fechar um caixa que nunca fechava e fazia algumas
anotações. Mas, na realidade, ficava de olho na Glauce! Devia ter um vulcão entre
as pernas! – pensava o portuga. Quando ela ia guardar os kibes e bolinhos, ele
se aproximava dela por trás e a ajudava colocando as bandejas nas prateleiras mais altas. Quando seu corpo
tocava nela, sentia uns arrepios vibrantes que lhe percorriam a espinha e
explodiam em seu sexo! E a cada dia o seu desejo ficava mais incontrolável! Foi
então que seu mundo caiu quando conheceu o namorado da Glauce: era um negão bem alto, musculoso e mal
encarado. Talvez já desconfiando das intenções do portuga, o negão passou a ir
levá-la e buscá-la da lanchonete. Joaquim ficou deprimido, pensando que todo
aquele seu sonho de consumo, já tinha dono! E era um cara muito feio para o seu gosto! As vezes tinha pesadelos com aquele
negão apontando uma arma para ele! Acordava assustado, molhado de suor!
Um
dia resolveu que aquilo não poderia mais continuar. Seria tudo ou nada! Chegou
bem cedo na lanchonete, esperou a Glauce chegar, acompanhada de seu negão,
esperou ele se despedir e ir embora. Quando a Glauce passaou pelo corredor por trás do caixa, para
guardar os kibes e bolinhos na prateleita da virtine, ele se virou e a agarrou
pela cintura, puxando-a de encontro ao seu corpo. Glauce atônita, sentiu os
braços fortes do portuga, mas também seu membro duro, roçando em suas coxas!
-- Que é isso Seu Joaquim! O senhor ficou louco! Me
solte agora, está me machucando! Alguns kibes e bolinhos caíram no chão mas ela
conseguiu colocar a bandeja sobre a mesa. O portuga continuava a puxá-la pela
cintura.
-- Sim gaja, tô louco mesmo mas é por você! Desejo
você! Não agüento mais!...
-- O senhor sabe muito bem que eu sou compromissada!
Vivo com o Damião que me ama, é ciumento, anda armado e já tá desconfiado do
senhor! Me solte ou eu vou gritar!
-- Você não vai se arrepender Glauce! Vou te dar tudo
que você nunca vai ter se continuar com esse negão!...
-- Eu gosto dele! E tem mais: não sou nenhuma vagal
como você pensa! Me solte logo ou eu grito! Alguem que passe na rua há de
ouvir!
Nisso,
entrando pela porta dos fundos, surge o nêgo Damião, que já desconfiado do
portuga, ficara escondido atrás da lanchonete, esperando o momento certo para
entrar. Quando viu a cena de sua a amada agarrada pelo português que tentava
beija-la, foi logo partindo pra cima com um 38 engatilhado. Colocou o cano do
revolver em sua cabeça:
-- Você é um
homem morto, portuga!
-- Não faça isso! Eu posso explicar! Apenas puxei a
Glauce pela cintura pra que ela não escorregasse na poça dágua aqui no chão!
A pobre da
Glauce, pálida como uma cera, soltou-se
do Joaquim e quase histérica gritou:
-- Ele tá louco, Dâmi! E essa poça dágua que ele falou
não existe! Além disso, o que eu senti foi algo bem duro que ele insistia em
esfregar nas minhas coxas!
-- Você é um homem morto português! Trate logo de
explicar esse negócio duro que você
esfregou na minha Glauce. Caso contrario, você vira presunto agora!
-- Calma Seu Damiãozinho! Eu posso explicar tudo! Foi
só um mal entendido! O que ela sentiu era apenas um kibe que eu tinha guardado
no bolso pra comer mais tarde, sabe?! É que eu sinto muita fome tarde da
noite!...
-- Então me mostra agora esse kibe portuga, caso contrario
eu juro que vou estourar teus miolos!
-- Desculpe Seu Damiãozinho, mas o kibe esfarelou!
Nisso o
portuga consegue empurrar o negão e se livrou também da arma em sua cabeça. Mesmo
assim, ainda ouviu dois disparos que não acertaram o alvo! O portuga escapou
correndo pra rua e pulando dois muros altos, driblando cachorros ferozes, como
se fosse um tri-atleta!
No dia
seguinte um aviso na porta da lanchonete, em letras garrafais, anunciava: “
VENDE-SE POR MOTIVO DE VIAGEM “
Até hoje
ninguém sabe o rumo que o portuga tomou! Nem o motivo de sua viagem súbita. Apenas
algumas beatas amigas da igreja que ele freqüentava, comentam que ele Joaquim
foi mais uma vítima do ditado popular segundo o
qual “nenhum português resiste a
uma azeitona preta! “
PVH-RO, 13/05/13
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