AS CIGARRAS DO
VERÃO
42 graus,
banho meu rosto!...
Nos galhos
secos das arvores
que apontam
nuas para o céu,
vibram
soturnas as cigarras,
as cigarras
do verão,
nos seus
cantos incessantes,
como se
fossem guitarras
ou órgãos
elétricos
na festa do
sol!...
E nessa
orgia funesta do inseto,
o som que
vibra em meus ouvidos
penetra no
meu peito
como um
punhal ,
ardentemente...
A obra
inacabada, a vontade de fazer,
a intangível liberdade
inutilmente...
Penso em
tudo e em nada,
no vulto da
mulher amada...
Uma gota de
suor
( ou de
lágrima)
cai do meu
rosto molhado:
angustia,
solidão, eternidade...
Tudo se
mescla de sangue
e sinto o
gosto amargo de sangue
na boca, o
gosto do conflito
(ou da
aflição)!...
Enquanto
isso,
indiferentemente
ao meu tumulto interior
(ou de
paixão)
gritam lá
fora, como eu, em minha solidão,
a triste
canção desta ausência tua,
camufladas,
nos galhos escondidas
a espreitar
o Nada,
agora já em
noite escura e sem lua
as cigarras
do verão!
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