O JOGADOR
Samuel Castiel Jr.
" Malandro é malandro, Mané é mané! "
( Diogo Nogueira)
( Diogo Nogueira)
Era viciado em jogo. Chegava a ser
compulsivo. Futebol, basquete, vôlei, tênis de mesa, baralho, etc. Gostava de
tudo, mas principalmente de apostar. Apostava na Mega-Sena, na Quina, na
Loto-Fácil, etc. Comprava qualquer bingo que aparecesse. Muitas vezes chegava
em casa com um frango assado que ganhara num bingo quando passava numa rua do
centro. Quantas vezes chegava em casa altas horas da madrugada com um giz
enfiado atras da orelha que se esquecia ao terminar a última rodada da sinuca.
Criava galos de briga para lutas de rinha, sempre apostando em seus galos que
recebiam revestimento de aço em seus esporões afiados.Ficava até altas horas da
madrugada jogando pôquer com jogadores profissionais, em cassinos clandestinos.
Já tinha perdido carro e até a residência, morando agora de aluguel. Sua mulher
fazia promessa pra que ele parasse com essa fissura pelo jogo e pelas apostas.
Mas não alcançava essa graça!
Certa vez saiu na sexta-feira pro
trabalho e não voltou. O sábado inteiro não deu notícias. No domingo, já
passava do meio dia quando chegou. Vestia-se sempre todo de linho branco puro –como
dizia, com sapado de duas cores, chapéu panamá,
com estilo malandrão. Mas estava sempre bem amarrotado. Nesse domingo, porém,
além de amarrotado, estava todo sujo. Refletia bem o jogo perdido, sem
revanche. Vinha acompanhado de um parceiro do jogo que tinha a cara de todos os
malandros!
---Olha Barbosinha, acho que sua
patroa não vai acreditar no que você perdeu! – disse o malandro, com um sorriso
maroto no canto da boca.
--- Ela sabe que dívida de jogo tem
que ser paga!
Foi entrando na casa e chamando pela mulher:
---Maria, vou te apresentar o Val,
que é o meu parceiro no baralho. Ele veio comigo porque eu perdi você!
---Como assim? – pergunta a Maria
com ar de incrédula.
Era uma mulher de meia idade, porém nova
e formosa, que tinha as coxas grossas e um
traseiro redondo, proeminente.
---No baralho, é claro! Você tem
que ir com ele e se deitar com ele. Leva e traz você no carro dele que tá lá
fora. Você sabe muito bem que dívida de jogo tem que ser paga, não é?
---Filho da Puta é o que você é!
Mas você me paga!
Foi lá pra dentro e, quando voltou, tava
com outro vestido mais colado, uma rasteirinha nova e tinha os lábios pintados
de um vermelho forte.
---Vamos logo Seu Val, não gosto
que esse traste fique devendo a ninguém!
O malandro Val incrédulo saiu na frente
e ela atrás.
Meia hora depois, Barbosinha pede a
sua esposa Clotilde pra servir o almoço e abrir uma garrafa do vinha chileno que
comprara recentemente. Pega o celular e
liga:
---Alô, Val! Só pra lembrar, você
me deve agora Cem Mil Reais.
E desligou.
PVH-RO, 31/10/13
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